21° FNT leva a Guaramiranga um panorama da produção teatral do Nordeste

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Cinco dos nove estados nordestinos estarão representados no Festival, que tem o patrocínio da Oi e apoio do Oi Futuro.

As temáticas e gêneros são diversos, assim como as técnicas, influências e propostas de cada trabalho. Os nove espetáculos que vão compor, no próximo mês, a Mostra Nordeste do FNT – Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, traçam um panorama abrangente da atual produção teatral da região.

As montagens serão apresentadas na 21ª edição do Festival, que acontece de 06 a 13 de setembro na cidade serrana cearense. A Comissão de Seleção foi composta por Izabel Gurgel, diretora do Theatro José de Alencar, Nelson Albuquerque, ator, diretor e produtor cultural, diretor do Grupo Pavilhão da Magnólia, e Vanéssia Gomes, atriz e socióloga, uma das fundadoras do Grupo Teatro de Caretas.

Numa realização da Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga – AGUA, o FNT figura entre os grandes eventos culturais do País e tem se firmado, no segmento teatral do Nordeste brasileiro, como importante polo de difusão, circulação e formação.

O tema da edição de 2014 é “O teatro e seus públicos”, buscando promover uma reflexão sobre as relações do Teatro com seus públicos existentes e potenciais. O 21° FNT é uma realização da AGUA, com apoio da Lei Estadual de Incentivo a Cultura (Lei Nº 13.811, de 16 de agosto de 2006) e Funarte. Apoio institucional da Prefeitura Municipal de Guaramiranga, via Secretaria da Cultura e Turismo e SESC/CE. Apoio cultural do Oi Futuro e Patrocínio da Oi.

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OS ESPETÁCULOS da MOSTRA NORDESTE

“ORLANDO” – Grupo Expressões Humanas (CE)

Dia 06, às 21h30. Local: Escola Municipal Prof. Júlio Holanda

Adaptação de Herê Aquino e Rafael Barbosa, a partir da obra homônima de Virgínia Woolf. A história narra, de forma poética e quixotesca, a vida de uma personagem apaixonante e enigmática através do tempo não cronológico, mas subjetivo. Ela muda de sexo, vive mais de 300 anos e nos enriquece com reflexões acerca da arte, dos sexos e da vida. Herê Aquino assina a encenação e direção geral do espetáculo, que tem a direção musical de Juliana Veras, que compõe o elenco ao lado de Marina Brito e Murilo Ramos.

Fundado em janeiro de 1990, o Expressões Humanas é um grupo cujo objetivo maior é ampliar o leque de possibilidades de chegar ao homem, de interagir com ele, de despertar caminhos que não leve só a inteligência. A meta é por um teatro que desperte os sentidos e que atinja o homem em sua plenitude: Inteligência, instinto, sentimentos, sonhos, nervos e coração. A pesquisa está centrada na construção da poética do espaço cênico e no homem em situação de representação, fundamentando-se em estudos de Antonin Artaud e Jerzy Grotowski.

“GUERRA, FORMIGAS E PALHAÇOS” – Grupo Estação de Teatro (RN)

Dia 07 às 19h. Local: Teatrinho Rachel de Queiroz

Dois militares, últimos remanescentes de um batalhão de combate, se encontram perdidos em uma guerra. Ao tenente e ao soldado cabe agora a tarefa de defenderem o pequeno território ainda não tomado pelas forças inimigas. Os dois sabem que a única forma de saírem vivos da situação é a possível chegada de reforços. Porém, quando todas as saídas parecem se fechar, um fato inusitado acontece: o batalhão de dois homens finalmente se depara, estupefato, diante daquele que pode carregar o último fio de esperança.

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O Grupo Estação de Teatro foi criado em 2009 em Natal (RN) por atores que trazem na bagagem a experiência dos bancos da universidade e importantes de grupos de teatro na capital potiguar, como o Tambor, o B7C e os Clowns de Shakespeare. Em 2013 o grupo estreou “Guerra, Formigas e Palhaços”, espetáculo de autoria de César Ferrario, fundador integrante do Clowns de Shakespeare, e direção de Rogério Ferraz, que divide a cena com Pedro Queiroga e Enio Cavalcante. O texto tem um forte teor político e filosófico, sem abrir mão da ludicidade, da subversão e da comicidade, ingredientes fundamentais para o fazer artístico atual do grupo.

“HAMLET: SOLO” – Coletivo Soul (CE)

Dia 08 às 17h. Local: Escola Municipal Prof. Júlio Holanda

O espetáculo baseia-se na versão in-quarto de “A tragédia de Hamlet – Príncipe da Dinamarca”, de William Shakespeare, destacada pela forte teatralidade do texto e pela maior concisão das palavras. A poesia inesgotável do texto é dita praticamente sem cortes pelo elenco, numa busca pessoal de apropriação através de seus corpos, dando-lhe voz própria, borrando as fronteiras entre o artista e sua arte, pessoa e personagem. Hamlet somos todos.

Com direção de Thiago Arrais, “Hamlet: Solo” é o terceiro espetáculo do Coletivo Soul depois de “Ramlet Soul” e “Our Town – Uma peça para Acampamentos”. Compõe, junto com  “Ramlet Soul” e “Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos”, atualmente em processo, o projeto designado pelo grupo como “Trilogia Hamlet”, no qual o mito de Hamlet, forjado em Shakespeare, é revisitado em suas múltiplas possibilidades de interpretação e intervenção. Tem co-direção e produção de Fernando Leão. Co-produção de Ana Luiza Rios. No elenco, Marcos Bruno (Hamlet), Bruno Lobo (Laerte, ator), Geane Albuquerque (Rainha Gertrudes, Guildenstern), Joyce Custódio (Ofélia, coveiro), Bio Falcão (Fantasma, Polônio, Rosencrantz) e Evan Teixeira (Rei Cláudio, Horácio).

“FOGO” – Piauhy Estúdio das Artes (PI)

Dia 09 às 19h. Local: Escola Municipal Prof. Júlio Holanda

Espetáculo teatral que retrata os incêndios criminosos nas habitações de palha da cidade de Teresina na década de 40, sob a ótica da personagem Lucinha (Érica Smith) e dos narradores/personagens (Carlos Aguiar, David Santos e Vitor Sampaio), que relatam a luta pela sobrevivência em uma cidade devastada pelo fogo e pela opressão.

É uma livre adaptação e recriação do conto homônimo de Vitor Gonçalves Neto, com a direção de Adriano Abreu e construção dramatúrgica do diretor Adriano Abreu, que procurou universalizar a temática através de pesquisas e investigações cênicas que consumiram três anos para concretização do trabalho. Em cena, os músicos Adriano Abreu  e Arnaldo Pacovam.

“BR-TRANS” – Coletivo Artístico As Travestidas (CE)

Dia 09 às 21h. Local: Teatrinho Rachel de Queiroz

Processo cênico antropológico-autofágico-esquizofrênico que traz à cena histórias sobre medo, solidão e morte. Histórias que se encontram e se confundem entre si e com a vida e as inquietações do ator. São recortes de vidas, e vidas recortadas a partir de pesquisas e conversas com travestis, transformistas e transexuais de Porto Alegre, pelas ruas e casas de show.

“BR-Trans” é resultante de um processo de pesquisa cênica desenvolvido através do Edital Interações Estéticas 2012 (Funarte/Minc), em residência no Somos Pontão de Cultura LGBT (POA/RS). Foi idealizado pelo ator Silvero Pereira, dentro do coletivo artístico As Travestidas (CE), em compartilhamento com outros profissionais das artes cênicas do Rio Grande do Sul. O texto é de Silvero Pereira, que divide a direção com Jezebel De Carli.  Tendo como interesse temático o universo de travestis, transexuais e artistas transformistas, a pesquisa atua na perspectiva do teatro enquanto instrumento de transformação social e, também, da arte transformista enquanto legítima linguagem cênica e manifestação própria da cultura LGBT. Após 08 meses de estreia o espetáculo realizou mais de 40 apresentações, passou por 04 estados (SP, RS, RN e CE), 05 festivais nacionais e 02 seminários internacionais.

“JACY” – Grupo Teatro Carmin (RN)

Dia 10 às 19h. Local: Teatrinho Rachel de Queiroz

Fruto do “acaso”, vestígios encontrados numa frasqueira no lixo, fragmentos de vida de uma mulher nascida em 1920, Jacy, se viva estivesse, teria hoje 93 anos. Fatos curiosos, oras realisticamente, oras de forma fictícia, de maneira que não se sabe muito bem onde termina uma e onde começa a outra. Os atores Henrique Fontes e Quitéria Kelly dividem a cena com o videomaker Pedro Fiúza e toda uma investigação que tem ligação direta com a história de Natal. Um assunto que atravessa décadas e a forma de como a sociedade brasileira trata os mais velhos e suas histórias. Escrita pelos filósofos Iracema Macedo e Pablo Capistrano com dramaturgia e direção de Henrique Fontes, “Jacy” é a primeira montagem em linguagem documental feita pelo Grupo Carmin. O projeto foi contemplado pelo prêmio Funarte Myriam Muniz 2012.

O Grupo Teatro Carmin foi criado  em janeiro de 2007 pelas atrizes Quitéria Kelly e Titina Medeiros, que já trabalhavam juntas desde o ano 2000 e tinham o desejo de pesquisar temas urbanos que pudessem ser retratados de forma cômica. Em 2010 o grupo mergulhou em estudos sobre a exclusão social retratada em obras teatrais clássicas. O texto de “A alma boa de Setsuan” de Bertolt Brecht, levou à montagem do experimento “Olha a água”. A partir daí, teve início a pesquisa sobre exclusão na vida doméstica, explorado em “Jacy”, que estreou em 2013. O tema da exclusão persiste na pesquisa do grupo, buscando agora uma nova forma de comunicar através da linguagem do Teatro Documental ou documentário, a qual o grupo começa a investigar mais profundamente.

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“VELHOS CAEM DO CÉU COMO CANIVETES” – Pequena Cia de Teatro (MA)

Dia 11 às 19h. Local: Teatrinho Rachel de Queiroz

O espetáculo concentrar sua experimentação e pesquisa no desenvolvimento de uma dramaturgia que aborde a dificuldade humana em lidar com as diferenças, utilizando em seu escopo, temas como miséria, exílio e fé. O ponto de partida para essa dramaturgia é o conto de Gabriel García Márquez, “Um Señor muy Viejo com Alas Enormes”. A narrativa apresenta um ser alado que cai em um quintal e altera a rotina do morador da casa. O ser humano, em sua labuta diária para conseguir sobreviver à miséria que assola sua família, vive como “Deus quer”, um dia por vez; quando vê sua rotina e a de sua comunidade mudar em detrimento da queda do ser alado, que deslocado, se retrai em detrimento da estranheza que causa aos moradores do local, evidenciando a dificuldade humana em lidar com as diferenças.  O exílio forçoso e a miséria pontuam a trama. Em cena, os atores Jorge Choairy (Ser Alado) e Cláudio Marconcine (Ser Humano).

Com texto e direção de Marcelo Flecha, a encenação de “Velhos Caem do Céu como Canivetes” utilizou, na sua montagem, a metodologia desenvolvida pela Pequena Companhia de Teatro durante a última década, sistematizada no instrumento denominado Quadro de Antagônicos. É através desse instrumento, que indicam os caminhos da dramaturgia e encenação, partindo da oposição física como fundamento para o desenvolvimento do repertório gestual do ator e a construção final das personagens. “Nós compreendemos o teatro como a arte do ator. Assim, a encenação aqui proposta desenvolveu seu trabalho tendo o ator como centro gerador de linguagem”, diz.

“O PRÍNCIPE FELIZ” – Cia do Rosário (PB)

Dia 12 às 18h. Local: Teatrinho Rachel de Queiroz

O novo espetáculo da Cia do Rosário foi construído a partir de uma livre adaptação de Chico Oliveira, do conto homônimo de Oscar Wilde. “O Príncipe Feliz” é leitura para crianças de todos os tempos e isso moveu o grupo a transpor para a cena essa delicada estória. Através do pássaro, vem a saudade de outros tempos e lugares. Através do príncipe, a procura por uma realização plena. O espetáculo tem direção de Chico Oliveira. No elenco, Emília France (vários), Cris Leandro (vários), Suellen Maria (Príncipe) e Joana Marques (Ama e Andorinha).

Psicoterapeuta e Psicodramista, Chico Oliveira fez especialização em Playback Theatre (teatro de improviso baseado nas histórias espontâneas de pessoas da plateia) pela São Paulo Playback Theater, onde atuou por oito anos. Foi também playbacker pela Brasilis Playback Theater, em São Paulo, por dois anos. É coordenador, condutor e idealizador da Bodopitá Playback Theater, formada há dois anos com atores de Campina Grande. Ator, diretor, cenógrafo e figurinista, Chico Oliveira coordena o Curso de Formação de Atores do Teatro Municipal Severino Cabral. Dirigiu “Pluft, o Fantasminha” (2008), “O Planeta que era Azul” (2008), com o Grupo Oficina de Sousa (PB). Recentemente dirigiu “Fogo-Fátuo”, de Lourdes Ramalho, pelo Teatro Municipal Severino Cabral.

“AS RIMAS DE CATARINA” – Cia Rapsódia de Teatro (BA)

Dia 12 às 22h. Local: Teatrinho Rachel de Queiroz

É um espetáculo que faz uso de técnicas circenses, do teatro de animação e da linguagem clownesca para contar uma divertida história que se passa no mundo do faz- de- conta. O texto do espetáculo foi escrito por Ilma Nascimento, a partir da farsa medieval “A Torta e o Pastelão”. O espetáculo foi vencedor do Prêmio Braskem de Teatro 2012 na categoria Melhor Espetáculo Infanto-Juvenil. A direção é de João  Lima. No elenco, Bira Freitas e Jorge Baía.

A Cia Rapsódia de Teatro surgiu a partir da montagem didática da peça “Terror e Miséria do III Reich – O Espião d Bertolt Brecht”, sob a direção de Tânia Flores. A montagem foi selecionada para representar a Bahia na II Bienal de Arte e Cultura da UNE, no Rio de Janeiro. “As Rimas de Catarina” (2011) é o segundo espetáculo infanto-juvenil do grupo. O primeiro foi “A gema do ovo da ema” (2007). Também no repertório do grupo o drama “Deus Danado”, vencedor de 13 prêmios, e o espetáculo de rua “A  Árvore dos Mamulengos”, tambémpremiado.

SERVIÇO

21º Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga (FNT) – De 06 a 13 de setembro em Guaramiranga/CE. Contatos: (85)3321-1405, [email protected]. Site: www.fntguaramiranga.com.br.

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