banda Nacão Zumbi faz o show de lançamento de seu novo e aguardado disco “Nação Zumbi” (slap/Natura Musical).
No palco, Jorge Du Peixe (voz), Lúcio Maia (guitarra), Dengue (baixo), Pupillo (bateria), Toca Ogan (percussão), Gilmar Bola 8, Da Lua e Tom Rocha (alfaias) tocam as inéditas “Cicatriz”, “Bala perdida”, “Foi de amor”, “Defeito perfeito”, além das clássicas “Manguetown”, “Meu maracatu pesa uma tonelada”, “Blunt of Judah” e “Hoje, amanhã e depois”, entre outras.
Após o lançamento de Fome de Tudo, em 27 de outubro 2007, álbum de estúdio com as composições inéditas mais recentes até então, muitas foram as correrias. Shows em vários cantos do país, culminando com a histórica apresentação no Marco Zero, que gerou Ao Vivo no Recife, em CD e DVD, em 2012. A Nação Zumbi continuou a se espalhar em profícuos projetos paralelos e nunca ficou no mesmo lugar.
Era grande a expectativa de saber onde aterrissaria o passo seguinte da banda. Foi aqui: Nação Zumbi (slap/Natura Musical), décimo álbum da carreira (contando os discos ao vivo e os primeiros, assinados por Chico Science & Nação Zumbi). Ele foi produzido por Berna Ceppas e Kassin. Ambos são amigos da banda há tempos e chegaram a trabalhar juntos anteriormente. Aqui, além da produção, participam de algumas faixas com diversos synths e programações agregados àquele peculiar som de uma tonelada, que o sexteto consegue emitir.“Cicatriz”, primeira faixa a ser apresentada ao público (ela pôde ser baixada no site da Natura Musical desde 25 de fevereiro), abre o novo trabalho. Entre o iê-iê-iê e o bolero pós-moderno, com a guitarra de Lucio Maia por vezes entoando surf music de algum deserto, comprova a vontade da banda em não se ater a modelos consagrados.
Mais lenta e uma das melhores do álbum, “Bala Perdida” chega na sequência com o baixo marcante de Dengue e uma letra inspiradíssima – uma crônica que narra o quase encontro com um projétil.“Defeito Perfeito”, canção de letra ultrarrealista, parte do reggae com zumbidos eletrônicos, comprovando um certo ecletismo ao longo da audição. Marisa Monte faz uma bela parceria com Jorge du Peixe, de voz e peito aberto em “A Melhor Hora da Praia”, acompanhados de um classudo naipe de cordas com arcos. A lista de convidados especiais ainda inclui o tecladista norte-americano Money Mark, parceiro antigo da Nação Zumbi, e o co-produtor de Fome de Tudo – o brasileiro radicado nos EUA Mario Caldato, Jr. – na mixagem de algumas faixas. O álbum Nação Zumbi ainda traz as vozes de Lula Lira (filha de Chico Science e cantora do projeto Afrobombas, encabeçado por Jorge du Peixe) e Laya Lopes (cantora da banda O Jardim das Horas).
O intervalo entre os álbuns foi mais do que salutar para a banda. Nação Zumbi conta com canções como “Um Sonho”, que habita um patamar bem acima das costumeiras músicas românticas, confundindo a lógica. Na mesma pegada vem “Nunca Te Vi”, uma espécie de insight recorrente sobre amores idealizados que caminha para uma psicodélica sonora. “Não entendo muito bem quando querem definir a unidade de um disco”, du Peixe discorre sobre uma medida para lá de arbitrária. “Aqui são onze faixas como se fossem onze capítulos diferentes de um livro”, ele completa. Assim, episódios mais introspectivos, como “Novas Auroras” e as “saudades do que nem foi” – uma investigação do tempo e seus ardis, marcada por vários timbres de guitarras – convivem com o rock que invita à dança e ao jogo de palavras de “Cuidado”, a belíssima “Foi de Amor”, e “Pegando Fogo”, que fecha o disco com uma guitarra nervosa junto com a familiar tonelada sonora fornecida por Toca Ogan (percussão), Gilmar Bola 8 (tambor) e Pupillo (bateria).
Nação Zumbi agrega todos os elementos que tornou a banda uma das mais respeitadas e influentes desde a década de 90.
Breve história de uma Nação
Há exatos 20 anos, um dos grupos mais importantes do país lançava seu primeiro registro para a posteridade. Da Lama ao Caos, álbum de estreia de Chico Science & Nação Zumbi saiu em abril de 1994. O trabalho foi um marco de uma turma que criou uma cena que criou um movimento que, enfim, desestabilizou o eixo da produção musical no Brasil. Como a obra de outras bandas conterrâneas, era o expressar sonoro dos caranguejos com cérebro, da parabólica na lama, e tudo o mais que as pessoas sabem, sentem, ou ouvem dizer como manguebeat. A diferença é que essa banda das cercanias de Recife se fez conhecida no mundo, muito mais do que todas as outras.
O segundo álbum, Afrociberdelia, foi lançado em junho de 1996, e em menos de um ano, a banda – e o mundo – perdeu Chico Science. Apesar do baque gigantesco, não foi o fim. “Quando fica a cicatriz, fica difícil de esquecer…”, mas a Nação Zumbi se reestruturou e soube se reinventar ano após ano, disco após disco até chegar aqui. Acumulou então mais seis álbuns de estúdio – CSNZ (1998), Rádio S.Amb.A (2000), Nação Zumbi (2002), Futura (2005), Fome de Tudo (2007) e o novíssimo, novamente intitulado Nação Zumbi – além de dois álbuns ao vivo que também viraram vídeos em DVD: Propagando ao Vivo (2006) e Ao Vivo no Recife (2007). O lançamento do décimo álbum da carreira vem perto do show da Nação Zumbi no Lollapalooza, oportunidade para mostrar as músicas novas e relembrar tantas outras desses 20 anos.
Ingressos:
Pista: R$30,00
Frontstage: R$50,00
Vendas: www.bilheteriavirtul.com.br
Informações: 85 3261 0665