A ação acontece dia 26 de outubro na loja NordWest Camisetas
Na próxima segunda-feira (26), a banda Selvagens à Procura de Lei vai promover um encontro com todos os fãs de Fortaleza, às 19h, na NordWest Camisetas.
A proposta é divulgar o show de lançamento do primeiro single “Tarde Livre” do novo disco “Praieiro”, que acontecerá no dia 1 de novembro durante show no Anfiteatro do Dragão do Mar.
A música “Tarde Livre” representa bem a relação dos integrantes com a cidade de Fortaleza em seu cenário praiano, natural e que também é cotidiano dos músicos. Além disso marca transição do disco anterior para o novo.
Diferente dos discos anteriores, “Praieiro” é uma imersão na tranquilidade de um cenário litorâneo. Ironicamente, esse mergulho do mar se deu justamente quando os integrantes trocaram a cidade de Fortaleza por São Paulo. O novo trabalho é fruto de uma busca por novos horizontes.
Histórico
Natural de Fortaleza, a banda se projetou em seu Estado, ocupando todos os palcos dos principais eventos da cidade, dos menores ao maior deles, o Ceará Music. Antes de partirem para conquistas ainda mais grandiosas, que incluíram uma indicação na categoria “Aposta”, do VMB 2012 da MTV e uma apresentação no mesmo ano no Prêmio Multishow junto com o Capital Inicial, o produtor David Corcos “O Marroquino” (tem um r a mais) assumiu a produção da banda que resultou no CD lançado pela Universal Music.
Os Selvagens podem ser nomeados como a primeira grande revelação do Rock Brasil nesta segunda década dos anos 00. Uma banda que honra a qualidade musical das décadas de 80 e 90 e que anda fazendo falta nos últimos tempos, já foi apontada com influências de The Strokes e Arctic Monkeys, bandas que tem um pé na sonoridade dos 60 e 70. Os músicos possuem um leque de referências que incluem os guitarristas John Frusciante, Jack White e Fernando Catatau, e a trindade nada santa de Lobão, Cazuza e Renato Russo, além de The Beatles.
A letra de “Brasileiro” tem um verso que é, ao mesmo tempo, uma crítica ao mainstream atual e uma profissão de fé da banda: “Música não pra cabeça, mas feita pro pé”. Na mesma canção um verso que ecoa “Ideologia”, a música manifesta de Cazuza: “Nossos heróis de verdade morreram por covardia”. Em “Juventude solitude”, a grande indagação que persegue jovens desde sempre: “Será que você vai se tornar o que esperam de você?”. E mais adiante: “O que você vai escolher agora, sem ninguém pra lhe dizer o que fazer a cada hora?
Os temas românticos não ficam de fora e são tratados sem pieguices. A música “Despedida” proclama: “Mostrando a realidade de nossa dupla solidão, eu me entrego a você como uma cidade derruba muros”. “Música de amor número um” indaga: “Quais sentimentos não se pode apagar? Em quem você vai confiar? Vamos fazer memórias juntos na corrente de um rio?”. E uma outra se define no próprio título: “O amor existe, mas não querem que você acredite”.
As embalagens musicais destas canções, feitas em sua maioria por Gabriel Aragão, algumas por Rafael Martins e outras pela dupla, são bem variadas. “Massarrara”, por exemplo, explode de cara com duas guitarras, uma em cada canal do estéreo, com uma levada rock ‘n’ roll cantada a duas vozes por Rafael e Gabriel, com o baixista Caio Evangelista e o baterista Nicholas Magalhães se juntando a eles nos vocais.
“Juventude solitude” alterna momentos mais suaves com outros mais pesados com uma pontuação de guitarra a La The Edge em alguns momentos, com alternâncias vocais entre os dois vocalistas principais. Para a radiografia de “Brasileiro”, um povo
cujo ano só começa quando passa fevereiro, a levada rock e vocal rap é pontuada por guitarras pesadas com maior ou menor ênfase em cada estrofe e explosão no refrão.
“Música de amor número um” tem uma levada acústica de coloração country folk brasileiro, tipo Sá e Guarabyra, neste apelo do cantor para encontrar uma certa Claudia. “Despedida” é uma balada em midtempo com duas guitarras em levadas distintas, uma em cada canal, com bom reforço vocal de Nicholas junto com Rafael e Gabriel. Na coda, o andamento muda para um encerramento na base de ná ná nás, pontuado por um bom solo no canal direito.
“Sr. Coronel” remeteu à fase solo de John Lennon, devido ao estilo do piano que segura a levada. Belo trabalho de entrosamento vocal de Gabriel e Rafael. “Carrossel em câmera lenta” tem um excelente trabalho de guitarras, mais comedidas em algumas partes, mais pesadas em outras, com timbres alternados e solos bem sujos no final. “Mar fechado” usa o recurso clássico de um começo lento quase a capella, só com leves frases de guitarra para ganhar peso e explodir no final com uma levada que lembra a música “She´s so heavy”, dos Beatles, com um solo veemente e inspirado de guitarra.
Em “Enquanto eu passar na sua rua”, Rafael e Gabriel duelam cantando estrofes diferentes ao mesmo tempo, uma canção de amor pontuada por guitarras em timbres diferentes e batida rock em midtempo. “Crescer dói” tem arranjo dominado pelo piano de Gabriel, que faz o vocal, com participação discreta de guitarra, baixo e bateria, uma levada econômica e altamente eficaz de curta duração. “Mucambo cafundó” evoca a cidade natal dos Selvagens à Procura de Lei, Fortaleza, para falar de uma crise existencial num eterno país do futuro com uma levada vigorosa com guitarras pesadas.
“O amor existe, mas não querem que você acredite” é uma balada com levada de piano com vocal bem trabalhado de Gabriel e pontuações de guitarra. Essa lembra bem a fase solo de Paul McCartney. Desse modo, a banda Selvagens à Procura de Lei é uma banda que soma ao que existe de melhor no rock brasileiro.